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Publicada em 22/01/25 às 16:43h - 3 visualizações
Uso de drogas, carreta sobrecarregada e alta velocidade: veja o que se sabe sobre acidente que causou 39 mortes em MG
Polícia Civil divulgou que a carreta levava quase o dobro de peso do permitido pela legislação de trânsito. O motorista havia feito uso de cocaína, bebida alcoólica, ecstasy e alprazolam.

Confiança Web TV e Rádio

 (Foto: Confiança Web TV e Rádio)

Por Jô Andrade, g1 Minas — Belo Horizonte

 

Acidente no km 286 da BR-116, na altura de Lajinha, distrito de Teófilo Otoni, Minas Gerais — Foto: Corpo de Bombeiros de Minas Gerais via BBC

Acidente no km 286 da BR-116, na altura de Lajinha, distrito de Teófilo Otoni, Minas Gerais — Foto: Corpo de Bombeiros de Minas Gerais via BBC

A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) divulgou, nesta quarta-feira (22), que a carreta envolvida no acidente que causou 39 mortes na BR-116, em Teófilo Otoni, transportava uma carga com peso superior aos limites permitidos.

Também foi comprovado que a carreta levava quase o dobro de peso do permitido pela legislação de trânsito, e o condutor havia feito uso de cocaína, bebida alcoólica, ecstasy e alprazolam.

00:00/01:20

Acidente entre três veículos deixa 39 mortos na BR-116 em MG

Veja, abaixo, o que se sabe sobre o caso:

O que aconteceu?

Uma carreta bateu em um ônibus de turismo, que transportava 45 pessoas, e em um carro de passeio, com um motorista e dois passageiros. A batida aconteceu às 3h30 do dia 21 de dezembro de 2024.

O ônibus, da empresa EMTRAM, havia saído de São Paulo no dia anterior, por volta das 7h da manhã, no terminal rodoviário do Tietê, e tinha como destino a Bahia.

No dia do acidente, o agente da Polícia Rodoviária Federal, Fabiano Santana classificou o acidente como "uma tragédia sem precedentes para a região" e informou que a maior parte das mortes foi causada pelo incêndio do ônibus. O acidente foi considerado a maior tragédia em rodovias federais desde 2007.

"Foram vítimas resgatas para o hospital, pessoas que se queimaram tentando resgatar vítimas, crianças pedindo para resgatar os pais", relatou Santana.

O que causou o acidente?

Inicialmente, segundo informações repassadas ao Corpo de Bombeiros, o acidente teria ocorrido após um pneu do ônibus estourar e bater contra a carreta.

No entanto, foi comprovado que um grande bloco de granito de soltou da carroceria da carreta e atingiu o ônibus que seguia na rodovia, em sentido contrário. Logo após o impacto da pedra com o ônibus ocorreu um grande incêndio.

Quantas pessoas morreram?

Ao todo, 39 pessoas morreram no acidente. As primeiras notícias davam conta que 41 pessoas teriam morrido no acidente. Contudo, o número foi divulgado porque 41 sacos com restos mortais chegaram ao Instituto Médico Legal Dr. André Roquette, em Belo Horizonte, para perícia.

Mas, após serem analisados por meio de radiografias e tomografias, constatou-se que se tratavam de 39 pessoas. A perícia disse, ainda, que 37 deles já foram retirados. Dos dois restantes, um a família já foi comunicada para retirá-lo e, o outro, o serviço social do IML tenta contato com parentes.

Ao todo, 22 pessoas foram identificas por DNA, 13 por papiloscopia e quatro por odontologia legal. Os corpos foram retirados pelos familiares das vítimas ao logo dos dias posteriores ao acidente.

Quem é o motorista da carreta?

O caminhoneiro Arilton Bastos Alves, que conduzia a carrega que provocou o acidente, fugiu do local da batida e se apresentou à polícia dois dias depois, em 23 de dezembro de 2024, mas foi liberado — na época, a Justiça negou o pedido de prisão preventiva feito pela Polícia Civil.

A Justiça, no entanto, decidiu revisar a decisão e decretou a prisão do homem no dia 20 de janeiro.

O juiz Danilo de Mello Ferraz, da 1ª Vara Criminal da Comarca de Teófilo Otoni, considerou o fato de Alves ter deixado o local do acidente, o sobrepeso da carga da carreta, o excesso de velocidade do veículo e o uso de substâncias entorpecentes.

Porque e quando o motorista foi preso?

As investigações apontaram que a carreta envolvida transportava uma carga com peso superior aos limites permitidos. Arilton Bastos Alves foi preso nesta terça-feira (22), e admitiu não ter o costume de verificar o material carregado.

No momento do acidente, a carreta levava dois blocos de quartzito, com peso total superior a 68 toneladas. Considerando o peso do próprio veículo e dos dois semirreboques, eram 91,2 toneladas, quase o dobro do permitido pela legislação de trânsito.

A hipótese levantada pelas investigações é de que uma das pedras tenha se desprendido do reboque e batido no ônibus de turismo, com 45 pessoas. Apenas seis sobreviveram.

As investigações também apontaram que a carreta estava transitando com excesso de velocidade – no momento do acidente, o veículo estava a 90 km/h, enquanto o limite da via são 80 km/h. Exames identificaram ainda que o motorista estava sob efeito de substâncias ilícitas, como cocaína, álcool e ecstasy.

"Analisando o quadro probatório de forma objetiva, a gente não tem dúvida que ali extrapolou a culpa e partiu, sim, para aceitar um resultado, tomar uma atitude consciente que levou à morte daquelas pessoas. [...] O conjunto de provas demonstra que ele teve desprezo pela vida alheia, e o resultado foi muito trágico, um dos piores das nossas rodovias", disse o delegado regional de Teófilo Otoni, Amaury Tomaz de Albuquerque.

Havia controladores de velocidade no local do acidente?

Minas Gerais, estado com a maior malha rodoviária do país, tem 77 equipamentos de fiscalização de velocidade instalados nas vias mantidas pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).

Na BR-116, onde aconteceu o acidente, há apenas um aparelho fiscalizador, a mais de 300 km de distância, na cidade de Manhuaçu, na Zona da Mata. No trecho do acidente, existia um radar com limite de velocidade de 60 km/h. No entanto, ele foi removido recentemente.

De acordo com apuração da equipe de reportagem da Inter TV, havia um radar que limitava a velocidade dos veículos a 60 km/h. Este e outros radares foram removidos recentemente desta parte da BR-116 por estarem com a documentação vencida.

Acidente na BR-116 em Teófilo Otoni — Foto: Arte/g1

Acidente na BR-116 em Teófilo Otoni — Foto: Arte/g1

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