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Censo 2022: População parda é maioria no Brasil pela primeira vez em 150 anos, um marco histórico na luta pela consciência negra

Publicada em 17/11/24 às 09:36h - 27 visualizações

por Anderson Menezes


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 (Foto: Divulgação/Internet)

O Censo Demográfico de 2022, divulgado pelo IBGE, revelou um fato histórico: pela primeira vez em 150 anos, a população parda superou a branca no Brasil. Segundo os dados, 92,1 milhões de pessoas se autodeclararam pardas, representando 45,3% da população, enquanto 43,5% se identificaram como brancas. Este marco não apenas reflete mudanças demográficas, mas também aponta para a importância do debate sobre questões raciais, inclusão e identidade no Brasil.

O crescimento da população parda, somado ao aumento da população preta (que saltou de 7,6% em 2010 para 10,2% em 2022), reforça a necessidade de uma reflexão aprofundada sobre a representatividade, igualdade e o combate ao racismo estrutural. O Dia Nacional da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, torna-se ainda mais relevante nesse contexto, trazendo à tona a história, a luta e as contribuições dos povos africanos para a construção do Brasil.

Consciência Negra e o protagonismo na história brasileira

O Dia da Consciência Negra, instituído como feriado nacional em 2023, não é apenas uma data comemorativa, mas um momento de reflexão e reconhecimento. A data homenageia Zumbi dos Palmares, símbolo de resistência contra o sistema escravista e da luta pela liberdade e igualdade racial. Zumbi foi líder do Quilombo dos Palmares, maior comunidade quilombola da época colonial, e sua morte, em 1695, é lembrada como um marco de resistência.

A escolha do 20 de novembro, em oposição ao 13 de maio (assinatura da Lei Áurea), reflete a intenção de dar protagonismo à história e às lideranças negras. Enquanto a abolição da escravatura foi um marco jurídico, a luta pela verdadeira igualdade social e racial permanece até hoje. É um convite a pensar não apenas na libertação formal, mas nas condições reais de vida e nos desafios enfrentados pelas comunidades negras no Brasil contemporâneo.

Os dados do Censo e a luta contra o racismo

A nova configuração demográfica traz à tona debates fundamentais sobre racismo, desigualdade e exclusão social. Apesar de a população parda ser a maior do país, ainda existem desafios estruturais que impedem o pleno desenvolvimento dessas comunidades. Dados históricos apontam que:

  • 71,6% dos analfabetos no Brasil são negros ou pardos.
  • Trabalhadores pardos recebem, em média, 57,4% do salário de um branco na mesma função.
  • Apenas 5,3% dos pardos possuem diploma universitário.

Esses números mostram que, embora a miscigenação seja uma característica marcante do Brasil, o racismo persiste como uma barreira que limita oportunidades.

A miscigenação e a identidade brasileira

A miscigenação é um dos aspectos mais emblemáticos da sociedade brasileira, resultado da interação histórica entre povos indígenas, africanos e europeus. No entanto, essa diversidade também carrega um histórico de desigualdade e exclusão. O termo “pardo”, adotado pelo IBGE, abrange uma ampla gama de identidades, sendo usado por aqueles que se reconhecem como fruto dessa mistura.

Enquanto o Sul do Brasil mantém uma maioria branca, as regiões Norte e Nordeste são marcadas pela predominância de pardos, refletindo a diversidade de histórias e origens em diferentes partes do país. Essa heterogeneidade é tanto uma riqueza cultural quanto um reflexo das complexas dinâmicas de colonização, escravidão e migração no Brasil.

Consciência negra: um passo em direção à igualdade

A luta contra o racismo exige a conscientização de que raça, no Brasil, não é apenas uma questão de fenótipo, mas uma construção social que afeta profundamente a vida das pessoas. A Consciência Negra, celebrada em novembro, é um convite à valorização da ancestralidade africana e ao reconhecimento do papel fundamental dos povos negros na formação da identidade brasileira.

Reconhecer que a população parda e preta compõe a maioria no Brasil deve ser um estímulo para a criação de políticas públicas que promovam igualdade, acesso à educação e ao mercado de trabalho, além do combate efetivo ao racismo. A resistência de Zumbi e de tantos outros líderes históricos inspira a construção de uma sociedade mais justa, plural e inclusiva.

Como afirmou a historiadora Martha Rosa Queiroz, o Dia da Consciência Negra não é apenas uma celebração: “É o dia de lembrar a luta de Zumbi e de tantos outros, reforçando o combate ao racismo e celebrando a história e a cultura afro-brasileira.”

Com mais de 150 anos desde o último marco histórico de maioria parda no Brasil, os dados do Censo 2022 reforçam que a verdadeira igualdade racial ainda é uma meta a ser alcançada. A reflexão sobre a Consciência Negra deve ser um ponto de partida para reconhecer e valorizar a diversidade e combater as desigualdades que persistem em nossa sociedade.

Fonte: Biblioteca IBGE / CNN Brasil / f5news / Portal Alma Preta




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