Depois da frustração inicial com o desempenho de Lula no debate de ontem, integrantes do núcleo da campanha petista agora relativizam o virtual sucesso dos ataques de Jair Bolsonaro. Como mostramos mais cedo, o Datafolha apontou que os indecisos preferiram Simone Tebet e que o atual presidente teria sido o grande derrotado da noite.
Faz sentido quando entendemos que o eleitor muitas vezes cria empatia com a vítima do que considera uma agressão (mesmo um criminoso) e não com o agressor. Na política não é diferente.
Em 1998, Cristovam Buarque atropelou Joaquim Roriz no debate entre candidatos ao governo do Distrito Federal. O então governador, que buscava a reeleição, tinha todas as respostas na ponta da língua, enquanto seu adversário lia tudo em páginas preparadas por sua assessoria. Cristovam humilhou Roriz com ironia e arrogância. Perdeu a eleição ali.
Recentemente, testemunhamos algo semelhante na vitória de Joe Biden sobre Donald Trump nos EUA.
Lula me lembra Roriz e Biden. Apesar de tentar vender vigor juvenil, está bastante envelhecido e frágil. Na sabatina do Jornal Nacional, precisou de “cola” para responder a perguntas sobre a corrupção em seu governo. Ontem, pareceu perdido sem reação aos ataques de Bolsonaro e Ciro Gomes.
Nos próximos debates, marcados para setembro, o petista vai virar novamente saco de pancadas de seus rivais. Mas isso pode ser bom para quem já se mostrou um especialista em vitimismo.